quinta-feira, 12 de julho de 2007

Hoje foi um dia super interessante. Gravar filmes, escrever, mais uma vez deixando o universo dos personagens fluir livremente. Hoje consegui, depois de muito tempo de pesquisa, carregar o filme "Tous Les Matins du Monde", que conta a história de Marin Marais, um dos grandes da música barroca francesa. Brilhantemente interpretado por Gérard Depardieu e seu filho Guillaume( que interpreta Marin Marais em sua juventude)é uma jóia que, agora, faz parte de minha coleção. O filme é uma lição de como a música, em suas diferentes formas de ser vertida, é um elemento que pode nos levar a recantos jamais visitados, e ser além dos sentimentos, da vida e da morte...Um dia, pois, interessante...
Hoje não deixo uma poesia, mas uma fábula, igualmente interessante...

"Estavam juntos, numa mesa, um vidro de tinta e uma folha de papel. Ela, a se orgulhar de sua brancura, que era de uma pureza sem precedentes, mais pura do que as outras folhas de papel que estvam ali, amontoadas em pilhas irregulares. Mas, num átimo, sem que se soubvesse a razão, o vidro de tinta se destampa e , sem pestanejar, enche a folha de papel, antes imaculadamente branca, de palavras que eram versos dolentes, cheios de amor...

"Amor é fogo,
Que arde sem se ver

É ferida que dói
E não se sente;
É o não contentar-se

De contente;
É dor que desatina

Sem doer"

A folha de papel irou-se imediatamente; "olhe o que você fez, seu tinteiro ignorante!", esbravejava com todas as suas forças. "Você me manchou, com essas palavras tirou-me a pureza, de que eu me orgulhava tanto". O tinteiro nada disse, apenas limitou-se a escutar, calado, os insultos da folha de papel. De repente, um homem começou a fazer a limpeza do aposento, jogando o que considerava imprestável no fogo. De repente, sua vista parou no monte de folhas de papel, meio amarelecidas, que estavam em cima da mesa, e começou a jogá-las no fogo. A folha temeu por sua vida, mas o homem, ao tomá-la nas mãos, leu aquelas palavras, e, num gesto rápido, colocou-a de volta na mesa, enquanto que as outras folhas , sem nada escrito, foram jogadas no fogo...O homem, voltando à mesa, releu aqueles versos tão tocantes e, depois, tomou a folha com todo cuidado, guardando-a dentro de um livro, com outros iguais versos...